Atividades do Grupo

As atividades do grupo contemplam o esforço de interpretação dos fenômenos políticos com suas repercussões no plano territorial, regional e local - a partir não só das leituras da teoria e do pensamento político, mas também a partir da própria organização jurídico-política e constitucional do nosso Estado, o que reforça, consequentemente, o compromisso das pesquisas com o desenvolvimento de estudos empiricamente orientados.

Os estudos e preocupações do grupo abrangem não só problemas que envolvam a estruturação física do solo, seja urbano, seja rural, mas sobretudo a investigação de aspectos sócio-político-econômicos. Entre os parâmetros interpretativos a serem utilizados pelo grupo de pesquisa, destaque-se a preocupação com problemas relacionados às singularidades dos modelos de federalismo, bem como das escolhas e decisões fundamentais de planejamento e depolíticas públicas, levando-se em conta as implicações com os dilemas regionais e locais.

Pode-se enumerar de modo mais específico, mas não exaustivo, algumas das questões que já vêm sendo objeto de preocupação de parte dos pesquisadores reunidos em torno do laboratório em tela, tais como a investigação sobre a pressão exercida pela indústria imobiliária sobre áreas/comunidades pesqueiras nos municípios litorâneos; problemas urbanos relacionados a questões de mobilidade, como o exame das condições de circulação racional de linhas de ônibus intermunicipais, e ainda a investigação das capacidades estatais demonstradas pelo entes federativos subnacionais no enfrentamento da pandemia de COVID-19.

Para além dos estudos em torno da dimensão urbana, é importante considerar também a preocupação com os problemas de repercussão rural e, neste sentido, registre-se que o país conformou sua dimensão rural a partir de uma, no mínimo, problemática estratégia de colonização, uma espécie de matriz colonial foi instalada, viabilizando a incrustação de sólidos latifúndios em seu imenso território.

Esta condição colonial tanto serviu para a ampliação da estocagem de terras como para o crescimento do que, hoje, é chamado de agronegócio, de uma forma, digamos, agressiva e predatória, do ponto de vista não só da preservação mínima do meio ambiente, mas, sobretudo, da sobejamente irrisória assistência do Estado.

Ainda dentro desta perspectiva, devemos acrescentar que não conseguimos, nem mesmo sob um imperativo capitalista – talvez porque nunca tenhamos exercitado, de fato e de direito, este modo de produção e de vida -, realizar uma efetiva Reforma Agrária, medida política que não deixou de ser seriamente implementada, com nuances diversas, claro, em países centrais (e não só, como no Japão), reconhecidos, de modo geral, como democráticos, que, contemporaneamente, passaram a inspirar política e economicamente outros Estados ocidentais, particularmente, os periféricos.

Observamos ainda que, ironicamente, a possibilidade de alteração do quadro político-institucional instalado hoje no país cabe, basilarmente, ao Congresso Nacional, que, por conta de, digamos, sutilezas de nosso dia a dia político, a partir de “bancadas” urbanas e rurais – que, de forma quase inimaginável, pretendem sugerir um “ar democrático” ao Legislativo, trabalham intensamente pela perpetuação do status quo, fundamentalmente, por defenderem interesses bem específicos dos quais a população como um todo está alijada.

Finalmente, apresentamos a seguir as linhas de pesquisa e a indicação de uma bibliografia básica que dará suporte ao desenvolvimento das Pesquisas. Em ambos os meios, o urbano e o rural, o suporte fundamental terá como lastro os textos de nossos precursores nas Ciências Sociais, secundados pelos trabalhos posteriormente produzidos em nossa Academia, e não só, quando, então, já estamos construindo uma base empírica, que, por sua vez, colabora na sustentação das análises contemporâneas sobre nossa vida política e nossa sociedade.